terça-feira, outubro 31, 2006

Paradoxo

Amar-te com os olhos fechados
é amar-te cegamente.
Amar-te olhando para ti de frente
seria uma loucura...
Eu gostaria que me amassem com loucura


Marguerite Yourcenar

domingo, outubro 29, 2006

Quantas vezes...

vezes sem conta
me murmuraste o amor infinito
ficando...

havia e há
verdade nisso, do ficar
mas vã, efémera

sem soluções,
choro a partida
porque não sei fazer outra coisa

esforço-me

admito e admiro a coragem dos heróis
que de dentro trazem força
vencem medos
constróiem e aceitam

não há receita?
ninguém me ensina?

queria ser outra coisa
que não este peso morto,
morto

parece-me

quantas vezes
vezes sem conta
me murmuraste o amor finito
fugindo...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Up'nd Down...

Podia ser o começo duma canção dançável dos anos 70.
Não é.

A minha vida é um carrossel (como devem ser todas as vidas que eu sou lúcida) mas, ultimamente, com mais downs que ups, infelizmente.

Não me dá sossego, o destino. Agora, duas coisas difíceis.

Primeira, um primo que amo como se fosse irmão internado. Diagnóstico: pancreatite. Gravidade? Bom, muita...risco de vida.

Segunda, faço de baby-sitter pelas piores razões. Além dos meus rebentos, acolho outro, o filho da Zica de que falei há tempos. Está aqui em casa enquanto ela se droga no andar contíguo.

Merda de vida.

Phodace!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Idade Maior

A esta hora, há 18 anos atrás, recebi a minha primeira benção maternal.
Hoje, essa benção, atinge a maioridade. Mas sempre foi grande.

Amo-te, Bernardo.

quarta-feira, outubro 18, 2006

terça-feira, outubro 17, 2006

Outono!

Chove copiosamente.
O vento chama-me ali fora. Abro a janela e deixo que o dito me invada.

Levou-me, hoje, a útima conexão com o passado conjugal. Oficialmente divorciada perdi apelido, ganhei coerência.

Sou Eu outra vez.
Serena.
Livre!

domingo, outubro 15, 2006

Com Certeza!

Digo:

O Amor Verdadeiro, aquele que se foi construindo sem imediatos, sem correria, fica para sempre como real e profundo.

Dê o nosso mundinho as voltas que der, permanece.

Eu confio no tempo, que há-de restabelecer a Verdade do Amor.

Eu confio...e Amo!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Pai!

Parabéns...
E desculpe-me. Não consigo dizer-lhe o quanto me dói não conseguir dizer: amo-o!

Desculpe. Pai!

(o beijo que lhe darei di-lo-à, sem palavras)

terça-feira, outubro 10, 2006

Queria Escrever Dia 11

Calha que é dia 10.
Estou cansada.

Venho dum dia complicado, duma semana difícil, de um par de meses doridos.

Há fases assim, em que tudo parece acontecer e uma avalanche de emoções contraditórias nos assola.

Gosto de estar viva, não sei se de saúde porque evito sabê-lo. Não gosto de análises de qualquer espécie (se estiver doente um dia saberei, ora).

O meu amigo Gil, com quem cresci, também não gostava.
Mas casou com uma mulher que não lhe deu muitas hipóteses quando, neste Verão, ele apresentava um cansaço e uns enjoos fora do normal. Fosse mulher e a notícia até podia ser boa. Não é. Cancro no estômago, com metástases no fígado e intestino.
Diagnóstico cruel: não faz 41 anos, em Dezembro. Já não faz...

Eu, em estado de choque, percebo que é mesmo preciso viver o Agora...sem análises, de preferência (lá está).

O Gil vai ser o meu segundo amigo de infância a partir fora do tempo. O primeiro, o Jorge, escolheu ir. O Gil não...queria ficar e não houve perguntas nem respostas.

Como se não bastasse, outra amiga de infância que, por voltas da vida voltou a ser minha vizinha, recaiu na heroína. Soube quase ao mesmo tempo. Nunca desconfiei de nada. Falamos todos os dias e ela, que tem um filho da idade do meu mais novo e que é um dos seus grandes amigos, sempre me pareceu sóbria, lúcida.

Até que a mãe dela me procurou, pedindo ajuda. A Zica perdeu-se de novo e tropeça nas seringas que deixa espalhadas pela casa. O filho também. A violência dentro daquelas paredes é uma constante e a fechadura foi mudada ontem. Onde andará a Zica que não me responde?

Chorei.
Olhei para mim e pensei: que pequeninos se tornam os meus problemas...microscópicos!

domingo, outubro 08, 2006

Amanheceu...

MAGNIFICAT

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!


Álvaro de Campos, 7-11-1933

quarta-feira, outubro 04, 2006

Pensando Devagar!

As coisas que me aconteceram dependeram de mim e da minha discricionaridade.
As escolhas, condicionadas ou não, foram minhas.

De qualquer maneira, o meu Eu profundo diz-me que antes houvesse Destino.
Tino? faltou-me!

Quero estar feliz, porra!

Se...

Se, se, se...raisparta o se.

Se largar um filme a meio porque o enredo não me agrada e prefiro ser eu a escrever o fim, estarei a violar direitos de autor?

Se, se, se...raisparta o se!